O Homo Religiosus não é algo primitivo ou antiquado como alguns filósofos da história julgaram, ele reside justamente em algo em que o ser humano possui em suas entranhas, pois faz parte de seu passado, está preso consigo, não somos algo puramente livre de tudo ao nascermos, compartilhamos muito do que veio antes, também não somos duas etapas distintas (Moderno x Religiosus) de um mesmo processo de evolução do espírito que caminha para a autoconsciência (como pensa Hegel). O jeito de ser do homem moderno em relação a tudo considera que o cosmos seja dessacralizado, resume tudo e a todos em materialidade de seus atos, vontade e desejos são apenas reações fisiológicas, nada mais nada menos, trabalho significa trabalho e ócio apenas é o que é de imediato, o espaço, campos, parques, casas, tudo seria homogêneo pois tudo não difere de nada. Não existem símbolos em suas experiências. Existe um abismo entre o homem moderno e o Homo Religiosus, como compreender que um lápis, uma árvore, ou simples rituais contenham em si uma verdade?
Enquanto um busca a maior proximidade ao sagrado, o outro vive num cosmos dessacralizado, inerte na materialidade. Do ponto de vista do Homo Religiosus, a realidade profana possui “rupturas” em que o Sagrado emerge, isso é facilmente identificável em todas as religiões, todo o espaço não é destituído de valor, que uns emergem em maior sacralidade devido a hierofania e dos rituais locais,(templos, montanhas sagradas etc.) o que não desconsidera os “pequenos sagrados”(objetos simbólicos, canto de reza, santuários em casa por exemplo). Visto que o universo é uma criação divina, ele em si, apresenta-se como uma grande hierofania portanto, assume uma visão panteísta. Dado os rituais de caça entre outros, não é algo mundano mas, significativo.
Algo em que o Homem Moderno tenta dissuadir a si de que está extirpado é de todo o passado em que compartilha com o Homo Religiosus, nem mesmo o mais fervoroso racionalista está totalmente imerso na profanidade, pois este possui seus hábitos próprios e inconscientemente sagrados, prefere este a companhia dos pais, do lar de seus avós do que outros ambientes que desconsidera, atribui sacralidade minimamente mais relevante sobre um do que outro, possui seus locais costumeiros… pois, se tudo é puramente material e sem valor, porque uns se relevam mais que outros?